domingo, 10 de agosto de 2014

A maldição do “jeitinho brasileiro” na terra do “você sabe com quem está falando?" - Parte II

Costumo cortar cabelo aos sábados e chego antes de abrir o salão, pois gosto de ser o primeiro. Um dia, enquanto aguardava o salão abrir, estacionou um carro logo na minha frente e dentro um homem, nos seus 60 anos, acabou de fumar o seu cigarro e logo jogou a guimba na calçada, o que me deixou indignado, porém permaneci calado. Logo após, do outro lado da rua, onde havia um ponto de ônibus, um jovem nos seus 25 anos, jogou uma lata de refrigerante no chão, próxima a uma boca de lobo. Não me contive e o chamei a atenção, pois com a chuva a lata seria mais um objeto a obstruir o escoamento da água pluvial e contribuiria para o alagamento da parte baixa da cidade. A sua resposta foi a de que “logo passa o serviço público de coleta e leva a lata”. Novamente, insisti no fato de que ele era jovem e deveria dar o exemplo. Uma jovem ao seu lado, talvez a namorada, prontamente pegou a lata no chão e a guardou na bolsa e entraram  no ônibus que acabara de chegar. O mais interessante foi o que ocorreu depois... Lembram do senhor que jogou a guimba de cigarro na calçada? Saiu do carro, estufou o peito e bradou na minha direção: “Este povo é muito mal educado mesmo!”.

“O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza, porque a pobreza não aguenta mais ser explorada”.
Max Nunes

Reclamamos de várias situações, principalmente dos políticos e dos sucessivos casos de corrupção, mas esquecemos de nós mesmos. Quando vemos alguém estacionando na vaga de idosos ou falando ao celular enquanto dirige, nos sentimos indignados e bradamos como o senhor da história acima, porém nós podemos fazê-lo não é? Afinal de contas são só 5 minutinhos na vaga dos idosos...

Somos uma sociedade que, apesar de ter proclamado a república, não assumiu plenamente o seu papel, principalmente na política e na cidadania. Esquecemos em quem votamos na última eleição e muito menos cobramos dos eleitos (só falamos mal e muitas vezes em quem nós mesmos votamos). Não realizamos na nossa vida diária aquilo que cobramos dos outros. Neste aspecto ainda vivemos a monarquia e esperamos que alguém faça, o que acreditamos correto, por nós.

Continua no próximo post....


Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

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