domingo, 10 de agosto de 2014

A maldição do “jeitinho brasileiro” na terra do “você sabe com quem está falando?" - Parte III

Na minha primeira visita à Itália, em 1997, na cidade dos meus ascendentes, Trento, saí da estação ferroviária e acompanhei um grupo de adolescentes que, aparentemente estavam voltando para casa depois de um dia de aulas e se preparavam para atravessar uma rua, logo a minha frente. Todos pararam, pois o semáforo sinalizou verde aos carros. Notei que, mesmo após a passagem dos carros que ali aguardavam a vez e sem nenhum à vista, ninguém atravessou a pista, o que só ocorreu quando o semáforo permitiu.
Fiquei bastante intrigado com esta atitude e dias depois, comentei  com um amigo italiano a minha admiração desse fato, que me olhou se entender o motivo e respondeu: “O semáforo não estava fechado para os transeuntes? Por que deveriam atravessar?”. Com esta resposta, não tive coragem de comentar que, no Rio de Janeiro, depois de determinada hora da noite, as autoridades permitiam “avançar o sinal vermelho” para evitar assaltos.

"É no problema da educação que assenta o grande segredo do aperfeiçoamento da humanidade."
Immanuel Kant

O leitor atento poderia indagar: "Se este blog fala de organizações empresariais, porque os últimos 3 posts que falam de comportamento humano?"

O maior desafio do consultor organizacional está na mudança de comportamento, em criar um novo paradigma na cultura de uma organização. Portanto, tudo isso influencia o processo de tornar uma empresa mais competitiva e estimular o senso de equipe e o trabalho para um objetivo comum. O livro "Casa-grande & Senzala" de Gilberto Freyre, me ajudou a entender melhor o comportamento do brasileiro e a nossa cultura.  Em meu último post falei sobre a diferença entre educação e obediência. Portanto, parece que ainda precisamos do capitão do mato para cumprirmos com os nossos deveres e atividades (senão seremos castigados!). Infelizmente em algumas organizações este tipo de relacionamento ocorre e necessitam de mais chefes do que propriamente líderes, o que torna todo o processo caro e improdutivo.

Tudo isso chamamos de custo Brasil e se queremos um país melhor temos que desejá-lo à todos. Precisamos começar por nós mesmo, pela nossa família, na educação dos nossos filhos. Portanto fica o convite: Vamos ser mais educados?


Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

A maldição do “jeitinho brasileiro” na terra do “você sabe com quem está falando?" - Parte II

Costumo cortar cabelo aos sábados e chego antes de abrir o salão, pois gosto de ser o primeiro. Um dia, enquanto aguardava o salão abrir, estacionou um carro logo na minha frente e dentro um homem, nos seus 60 anos, acabou de fumar o seu cigarro e logo jogou a guimba na calçada, o que me deixou indignado, porém permaneci calado. Logo após, do outro lado da rua, onde havia um ponto de ônibus, um jovem nos seus 25 anos, jogou uma lata de refrigerante no chão, próxima a uma boca de lobo. Não me contive e o chamei a atenção, pois com a chuva a lata seria mais um objeto a obstruir o escoamento da água pluvial e contribuiria para o alagamento da parte baixa da cidade. A sua resposta foi a de que “logo passa o serviço público de coleta e leva a lata”. Novamente, insisti no fato de que ele era jovem e deveria dar o exemplo. Uma jovem ao seu lado, talvez a namorada, prontamente pegou a lata no chão e a guardou na bolsa e entraram  no ônibus que acabara de chegar. O mais interessante foi o que ocorreu depois... Lembram do senhor que jogou a guimba de cigarro na calçada? Saiu do carro, estufou o peito e bradou na minha direção: “Este povo é muito mal educado mesmo!”.

“O Brasil precisa explorar com urgência a sua riqueza, porque a pobreza não aguenta mais ser explorada”.
Max Nunes

Reclamamos de várias situações, principalmente dos políticos e dos sucessivos casos de corrupção, mas esquecemos de nós mesmos. Quando vemos alguém estacionando na vaga de idosos ou falando ao celular enquanto dirige, nos sentimos indignados e bradamos como o senhor da história acima, porém nós podemos fazê-lo não é? Afinal de contas são só 5 minutinhos na vaga dos idosos...

Somos uma sociedade que, apesar de ter proclamado a república, não assumiu plenamente o seu papel, principalmente na política e na cidadania. Esquecemos em quem votamos na última eleição e muito menos cobramos dos eleitos (só falamos mal e muitas vezes em quem nós mesmos votamos). Não realizamos na nossa vida diária aquilo que cobramos dos outros. Neste aspecto ainda vivemos a monarquia e esperamos que alguém faça, o que acreditamos correto, por nós.

Continua no próximo post....


Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

A maldição do “jeitinho brasileiro” na terra do “você sabe com quem está falando?" - Parte I

Depois das instalações dos primeiros radares eletrônicos no Rio de Janeiro, vulgos “Pardais”, as multas começaram a chegar aos infratores. Neste caso tivemos dois grupos distintos: Aqueles que conscientes de terem desrespeitado a placa de velocidade máxima e pagaram a respectiva multa e o grupo que se recusou a pagá-la, alegando que, além da placa de velocidade máxima permitida, deveria haver uma placa indicando que o setor estava sob vigilância eletrônica e procuraram a justiça. Ocorreu que, a justiça julgou procedente a reclamação e anulou todas as multas até a devida colocação das placas indicativas de “Fiscalização eletrônica”, porém, os que já haviam pagado as multas não tiveram o dinheiro de volta.

Esse é um exemplo de como damos sempre um "jeitinho" para não cumprirmos as regras. Em várias palestras que tenho proferido sempre faço menção a esta verdadeira desgraça, que muitos cultuam e acreditam ser uma virtude dos brasileiros. Buscar alternativas espúrias em vez de usar o bom senso e o respeito ao outro são as marcas de uma sociedade do "salve-se quem puder".

“No Brasil, quem tem ética parece anormal” 
Mário Covas

É esse mesmo sentimento que tiveram aqueles que pagaram as multas, conhecidos aqui como "otários", que nos desanima e deixa a impressão de que o crime compensa. Como mudar este comportamento?

“Todo o brasileiro é um ladrão em potencial, mas a frase não é minha, roubei de alguém”. Anônima

Tudo é uma simples questão de atitude, que está intrinsecamente ligada a educação e ao bom senso. A educação, no entanto, não é uma atitude diante da fiscalização ou da eminência do castigo, o nome disso é obediência. Educação é o comportamento do indivíduo quando ninguém está olhando e faz parte do seu modo de agir e pensar...

Continua no próximo post....



Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

domingo, 3 de agosto de 2014

A Arte de resolver problemas

A cada momento enfrentamos novos desafios em nossas vidas e, portanto, escolhas que devemos fazer. Para as melhores escolhas precisamos reunir a maior quantidade de informações possível, ou seja, entender os detalhes e o contexto do que chamamos problema. Nas empresas não é diferente, e cada vez mais, se utiliza o conhecimento em grupo para criar soluções e alternativas que possam acrescentar novos procedimentos e, portanto, gerar conhecimento, fazendo movimentar o ciclo PDCA. Para isso, existem várias ferramentas que podem ser aplicadas com este objetivo, como: Diagrama Espinha de peixe, estratificação do problema, 5 porques, brainstorm etc....  Nada é tão relevante quanto entender as causas para se chegar à raiz dos problemas.

Uma metodologia que tenho aplicado nas empresas e temos conseguido bons resultados é o QRQC (Acrônimo em inglês para, Controle de Qualidade com Resposta Rápida). Apesar de esta metodologia ter a sua mais ampla aplicação no setor automobilístico, temos criado variações e adaptações em função da necessidade e tamanho de cada organização. Neste processo o entendimento do problema gera uma primeira solução, a de contenção, ou seja, procura-se uma ação que faça com que o problema não aumente  e seja circunscrito e com um determinado grau de controle, eu costumo chamá-la por ação com foco no problema (Zambaldi, E.S., 2013), esta ação imediata funciona como um alerta, o que a torna uma resposta rápida.  Não obstante, as questões devem ser observadas mais detalhadamente na busca da causa raiz, e a esta solução eu costumo chamar por ação com foco na solução (Zambaldi, E.S., 2013). Além disto, o conhecimento gerado no processo de solução do problema é documentado e explicitado no que chamamos de gestão do conhecimento.


"Ninguém pode se considerar sábio quando tem somente a extensão da sua própria ignorância para medir"

Ioannes Bardus

Seguem algumas dicas:

Heurística de Pólya

  • Se não puder compreender um problema, monte um esquema;
  • Se não puder encontrar a solução, tente fazer um mecanismo inverso para tentar chegar à solução (engenharia reversa);
  • Se o problema for abstrato, tente propor o mesmo problema em um exemplo concreto;
  • Tente abordar primeiro um problema mais geral (o paradoxo do inventor: O propósito mais ambicioso é o que tem mais possibilidades de sucesso).
Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

sábado, 22 de março de 2014

A história do mamoeiro

Há quatro anos fiz algumas reformas na minha casa e parte do entulho resultante era jogado nos fundos do terreno, perto a um muro onde nascia um pequeno mamoeiro, até que fosse removido no final da obra. Apesar de todo o material jogado aos pés desta planta, esta resistia e crescia. Eu sabia que aquele mamoeiro não iria muito longe, pois as folhas amarelas, pequenas e concentradas na parte superior demonstravam a sua fragilidade. No entanto, a partir de uma flor quase imperceptível, surgiu, com o tempo, um único fruto, que cresceu e apesar do tamanho abaixo do normal, amadurecia no mesmo momento que o mamoeiro perdia a sua última folha e morria. Quando fiz a limpeza de todo o terreno, me deparei com o mamoeiro já morto e antes de cortá-lo retirei o seu único fruto já amarelado e coloquei na fruteira. Após alguns dias resolvi experimentar aquele mamão já completamente amadurecido e para minha surpresa era de uma doçura como eu jamais havia visto.

Toda esta história me fez pensar sobre o enorme esforço daquela planta em cumprir com a sua missão, a de manter a sua posteridade, e mesmo dentro das maiores adversidades, fez o seu melhor e tornou o seu fruto tão doce, capaz de atrair aves que pudessem saboreá-la e depois levar longe as suas sementes. Certamente, nesta parte, houve a minha interferência. Não obstante, fiquei sensibilizado, reservei todas as sementes e as joguei em lugares onde, com certeza, elas teriam uma possibilidade bem maior de crescer e se reproduzir.

"O empreendedorismo é a arte de persistir, mas sem insistir"
Ioannes Bardus

Quando li o artigo “A difícil tarefa de escrever um artigo sobre a superação de desafios.”, neste blog, do meu sócio e amigo, Professor Thales Marden, lembrei da história do mamoeiro, a qual quis compartilhar com todos.

Assim na vida como nos negócios, o empreendedor se depara com vários desafios, faz a diferença aquele que acredita e focado nos seus objetivos, consegue contornar os obstáculos. Vencer neste caso não resulta necessariamente no retorno financeiro, pois, muitas vezes, esta é uma conseqüência da realização pessoal. Portanto vamos lembrar da história do mamoeiro.

Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

domingo, 9 de março de 2014

A difícil tarefa de escrever um artigo sobre a superação de desafios



As nossas vidas são sempre movidas por desafios. Sempre pelos “queridos” desafios. Assim que somos concebidos o nosso desafio é chegar ao óvulo primeiro que os outros bilhões de espermatozoides que correm ao nosso lado. Assim que nascemos, nosso primeiro desafio é encher os pulmões de ar. Alguns de nós conseguimos essa proeza sozinhos, ou seja, já saímos do útero incomodados e gritando ao mundo que não é nada fácil estar ali naquele momento. Eis a vida. Outros precisam de um empurrãozinho que, nesse caso, é uma bela palmada nas nádegas. Isso te faz chorar e, consequentemente, encher os pulmões de ar. Eis a vida novamente. Quando não conseguimos respirar pela primeira vez, nem mesmo com a tal da palmada, a intervenção médica é mais séria e contundente, pois há uma responsabilidade muito grande com a continuidade da vida daquela pequena criatura indefesa. Algumas pequenas vezes, o esforço é em vão e aquele desafio não é vencido e a vida se esvai naquela primeira tentativa. Tudo termina naquele exato instante.

Fato é que, passado esse primeiro desafio, outros virão em cascata. Sua infância, adolescência, fase adulta e velhice são recheadas de desafios, uns maiores outros menores e, principalmente, alguns desafios que você pedirá e outros que você não pedirá.

Vamos então focar nos desafios que surgem em nossas vidas sem que peçamos. Esses desafios nos são “impostos” por outras pessoas ou circunstâncias e não estão no nosso controle. Eles podem ser aceitos e encarados de forma positiva, como mais uma etapa a ser vencida, ou então como simplesmente mais uma coisa para nos atrapalhar. O fator “escolha” e como você irá lidar com o desafio é quem vai definir seu futuro, seja ele empresarial ou não.

Há aproximadamente 14 meses recebi um desafio que eu não esperava. Meu sócio me disse, meio que em tom de provocação, que eu deveria escrever um artigo para o nosso blog e depois veiculá-lo ao nosso site e ao perfil do facebook. Disse que é importante, pois demonstra conhecimento e atrai a atenção de pessoas interessadas naquele assunto.

No momento concordei com ele. Concordo até hoje em gênero, número e grau. Mas a minha dúvida e minha relutância na época eram: como conciliar aulas de 2ª à 6ª-feira à noite, atividades empresariais como consultoria e outras atividades relacionadas à gestão do negócio? E o doutorado? Quando eu dormiria? E o meu tempo para a família? Sábado e domingo já eram impossíveis, pois esse tempo é reservado às atividades da faculdade e do doutorado. Em resumo, caso eu parasse para escrever um artigo, alguma coisa deveria ser deixada de lado. Enfim, dois corpos ou mesmo duas atividades não podem ocupar o mesmo lugar no espaço ao mesmo tempo.

Mesmo assim era um desafio que, mais cedo ou mais tarde, deveria ser superado. Eu poderia dizer não ao desafio, mas quem o fez tinha toda razão ao fazer. Esse desafio ecoou na minha cabeça por meses e mais meses, sempre me lembrando que mais cedo ou mais tarde eu deveria encará-lo.

Bom, no que então consiste a sua capacidade de aceitar os desafios? Consiste em entender que os desafios que surgem na sua vida estão aqui justamente para te ajudar a crescer, a desenvolver, a superá-los e, posteriormente, aceitar novos desafios que virão. Dessa forma você se torna mais e mais competitivo, agrega conhecimento e se prepara para desafios cada vez maiores. Essa é a síntese do crescimento profissional e humano. Sua capacidade de dar respostas positivas a cada provocação do ambiente exterior.

Nada te garante sucesso em todas as tentativas. Mas ninguém disse que deveria ser perfeito na primeira vez. Ninguém falou que deveria ser o melhor logo na primeira tentativa. Me apontem o ótimo de qualquer processo ou produto que não possa ser melhorado. A vida é feita de melhorias contínuas e, assim como produtos e processos, os nossos desafios devem ser encarados também como melhorias contínuas.

O maior erro é incorrer no fato de pararmos de aceitar esses desafios. Quando paramos de aceitar os desafios estamos admitindo que não queremos mais transpô-los. Assim eles passam a acontecer sempre com menor frequência e você passa a ser menos demandado, até que um dia o mundo te deixa de lado. Corre o risco inclusive de um dia você mesmo deixar de te desafiar e, após isso, adeus convivência em família, adeus emprego, adeus faculdade, adeus amigos, adeus lazer, enfim, a vida deixa de ter graça.

Por isso afirmo mais uma vez: o desafio surge para te fazer crescer e vencer na busca de seus objetivos.

Ah, ainda em tempo: Como eu consegui escrever esse pequeno artigo? Fiz durante o meu horário do almoço, é claro. Deixei algumas atividades de lado, esqueci a importância de se alimentar de forma saudável e devagar e utilizei o restante do meu tempo para escrever.

Se eu não fizesse dessa forma, esse desafio que me foi dado estaria até este momento ecoando na minha cabeça como um badalo.

Agora, que venham novos artigos e também novos e maiores desafios!

domingo, 2 de março de 2014

Eu compartilho, tu compartilhas e nós inovamos.


Nas empresas que tive e tenho  a oportunidade em participar, a minha maior preocupação na aplicação de metodologias, ferramentas e modelos de gestão é a dose certa.  Simplesmente aplicando o modelo teórico sem levar em consideração as especificidades da organização e a cultura local em geral,  conseguimos mais engessar os processos do que liberar o espírito participativo do capital intelectual da empresa.

A experiência que estamos obtendo na empresa Polaris Inovações em Soluções Web tem sido animadora com várias demonstrações de soluções criativas, e esta estrutura de novos projetos, eu gostaria de descrevê-la para que seja uma referência às equipes que buscam, como nós, soluções pensadas "fora da caixa".

Durante o processo de geração de ideias buscamos entender as expectativas dos clientes e consumidores (lembro que muitas vezes o cliente não é necessariamente o consumidor).  Procuramos capturar o foco do cliente/consumidor e não no cliente/consumidor e nos balizamos em algumas características de produtos: Alta escala, baixo custo, útil, simples, flexível, rápida implantação, sem grandes necessidades de acompanhamento e manutenção, via web, concatenado através de periféricos simples e com alta portabilidade. Para não perdermos os objetivos as perguntas que nos norteiam são:  Qual o problema estamos resolvendo?  Qual o valor e diferencial estamos criando? e para quem?

O ambiente de trabalho é propício à criatividade e buscamos sempre manter a equipe altamente motivada, talvez estas sejam as tarefas mais difíceis. Possuímos um modelo de trabalho que utiliza a gestão por projetos, onde cada um tem o seu projeto e todos são recursos através da expertises de cada colaborador.  Para o nivelamento  das informações e do andamento  de cada projeto usamos a metodologia SCRUM, adaptada à nossa realidade. Temos uma coordenadora,  que mantém uma visão sistêmica da empresa, equilíbrio e otimização no uso de todos os recursos. Após a apresentação dos problemas, temos as seguintes fases de solução: Apresentação das ideias, imersão e contextualização, teste do conceito com benchmarking, cronograma, protótipo,  reengenharia, compartilhamento das lições aprendidas.

Este processo tem nos ajudado na nossa missão, na quebra de paradigmas e na criação de soluções inovadoras. Mais do que isso, extrapolar o mundo das ideias e transformá-las em produtos úteis e que as pessoas enxerguem valor. Caso não haja este efeito prático, continua somente ideia e não se torna inovação. Este tem sido o grande limitador das start ups, transformar ideias em negócios.

A valorização do capital intelectual da empresa é um grande desafio para o empreendedor que está começando, pois  sabemos que este é o nosso principal ativo, e como já foi dito em outra oportunidade, lembro que, as organizações são feitas de cérebros, são feitas de pessoas capazes de propor, inovar e fazer coisas diferentes, porque a inteligência concentrada, o compartilhamento das experiências, o somatório da capacidade de produzir conhecimento em uma empresa de inovação é fundamental.

Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional

sábado, 1 de março de 2014

INOVAÇÃO

Inicio com a pergunta: Por que inovar? Atualmente as organizações estão bastante niveladas devido aos efeitos da globalização, o fácil acesso às novas tecnologias e a grande difusão da informação.  Neste ambiente volátil e altamente competitivo, as organizações acabam no que Kaplan e Norton chamam de oceano vermelho, ou seja, na luta sangrenta por preços. Portanto, para nos diferenciarmos da concorrência e atingirmos o oceano azul, precisamos ir além do valor/qualidade intrínseca dos nossos produtos. A inovação entra aí, na criação de novas práticas, novos conceitos e processos capazes de aumentar a percepção de valor dos nossos produtos pelos nossos clientes.


O processo de inovação passa sobretudo pela criatividade, pela análise crítica, ou seja, pela mudança de percepção, pois acredito que para se resolver um determinado problema precisamos pensar de maneira diferente do qual o originou. O professor Gil Giardelli afirma que, "Não é possível utilizar velhos mapas para encontrar novos caminhos". Portanto, para existir inovação precisamos da mudança e de sermos criativos.

O que os antigos gregos chamavam de metanoia foi imprescindível para o processo de evolução do pensamento humano e, portanto, tecnológico. Não obstante, o homem se diferencia dos animais pelo seu telencéfalo altamente desenvolvido e um indicador com polegar opositor. O trabalho que o ser humano realiza através desta particularidade transforma a natureza e a si próprio, pois, ao contrário dos animais que agem por instinto, a ação do homem é deliberada e intencional, ou seja, é precedida por um projeto, planejamento. Além disso, o ser humano é capaz de aprender com as suas próprias experiências, e mais ainda, com as experiências dos outros. O acúmulo de experiências enriquecem as percepções e a capacidade de metanoia abrem as portas para novas possibilidade.

Neste novo mundo, mundo beta, em ávida transformação, ser jovem não tem haver com a idade, mas sim com a forma que as mudanças são encaradas. Na era da informação onde somos aquilo que compartilhamos no mundo virtual, e que, a todo o momento precisamos decidir se somos parte do problema ou parte da solução, precisamos cada vez mais ampliar o nosso raio de pensamento. Um exercício prático seria, deixar de se sentar sempre na mesma mesa naquele restaurante, fazer um caminho diferente na volta para casa, conversar com pessoas diferente e frequentar lugares diferentes. Devemos ser menos superficiais e observar mais os detalhes, pois são eles que geralmente fazem toda a diferença.
O processo de criação ocorre numa sequência de 3 momentos:
  1. Momento da intuição seguido do insight;
  2. Divergência no pensamento, a dialética do equilíbrio, que nos trás a sensação do "é isto! Como não pensei antes".
  3. Espontaneidade e improviso, quando o impulso inexplicavel nos leva à ação e à certeza da realização.
Sabe-se ainda que este processo é potencializado quando o cérebro está desenvolvendo ondas alfa e ondas gama, uma frequência abaixo dos 14 Hz, no momento em que o cérebro deixa a concentração, o foco, a produção de ondas beta e se aproxima da sonolência, entre o mundo fenomênico e numênico, momento em que a mente se abre e se consegue enxergar novas possibilidades e "sair do quadrado".


      Edimilson Zambaldi - Consultor da Onixx Consultoria Organizacional